- O conjunto de especulações que, por meio da incompreensão de seus sucessores, contribuiu para a base do origenismo posterior;
- Origenismo como compreendido pelos detratores dos séculos III e IV: Metódio, Pedro de Alexandria e Eustâncio de Antioquia. Estes foram respondidos por Pânfilo em sua Apologia de Orígenes. Além da preexistência das almas e apocatástase, eles rejeitaram, por uma série de mal-entendidos, a doutrina da ressurreição do corpo e criação eterna;
- Origenismo dos monges egípcios e palestinos (na segunda metade do século IV): foi principalmente exposto por Evágro Pôntico em Kephalaia Gnostica. O “escolasticizado” pensamento origenista de Pôntico, suprimindo suas tensões internas e deixando de fora parte de sua doutrina a fim de construir uma sistema com o que restara. [o que teria, segundo os autores de “The School…”, sido o responsável por caráter herético de tal sistema, ao suprimir antíteses que caracterizariam a doutrina cristã];
- O mais importante momento de Orígenes foi nos embates entre os antiorigenistas dos séculos IV e V – Epifânio, Jerônimo e Teófilo de Alexandria – contra seus defensores, como João de Jerusalém e Rufino de Aquileia. Eles acusavam Orígenes em vista das heresias de seu próprio tempo como o arianismo. Nunca fizeram estudos sistemáticos do trabalho de Orígenes e baseavam suas acusações em textos isolados, sem levar em conta que explicações muitas vezes podiam ser encontradas no mesmo livro, algumas linhas abaixo. Data do final do século IV e começo do V uma querela em Rufino e Jerônimo quanto a correta tradução latina de De Principiis. Jerônimo acusou o primeiro de ter adulterado e suprimido do texto de forma a tornar Orígenes mais “palatável” ao pensamento tido por “ortodoxo” na época. Jerônimo contra-atacou com sua própria tradução latina, contendo todos os ponto polêmicos. Tal tradução se perdeu, mas uma ideia aproximada dela pode ser extraída da sinopse que Jerônimo faz em sua Carta a Ávito. Rufino defendeu-se assumindo que restaurara ao pensamento original um texto que fora alterado por hereges, tal qual outros escritores cristão tinham sido indevidamente alterados. Um sétimo da obra De Principiis está preservada em antologia feita por Basílio de Cesareia e Gregório Nazianzeno (Philocalia) e sugere que tanto Rufino quanto Jerônimo extrapolaram em suas posições. Este episódio (que, na verdade, envolveu mais personagens e histórias) ficou conhecido como “primeira crise origenista”, situando-a cronologicamente em relação à “segunda crise” que viria sob o reinado de Justiniano;
- A controvérsia origenista ampliou-se na primeira metade do século VI, sendo descrita em pormenores em Vida de S. Saba, de Cirilo de Citópolis. O origenismo se propagara principalmente no mosteiro Nova Laura, próximo a Jerusalém. Origenismo, ou melhor, evagrianismo, também se propagou entre os monges palestinos que viviam em mosteiros sob a supervisão de St. Saba. A principal expressão de sua doutrina está no Livro de S. Hieroteos, o trabalho do monge sírio Estevão bar Sudaile, que agravou o “escolaticismo” origenista de Evágrio em um panteísmo radical. Entre as duas intervenções de Justiniano, estes origenistas teriam se dividido em duas facções. J. Meyndorff declara que recentes estudos lançaram nova luz sobre Evágrio Pôntico, que foi o grande intérprete no século IV das ideias origenistas aos monges palestinos e egípcios. Ele e não Orígenes é o responsável pelo sistema origenista. Diz ele: “A recente publicação dos ‘Capítulos Gnósticos’ de Evágrio Pôntico, na qual a doutrina condenada em 553 é encontrada, faz possível medir toda a significância das decisões do quinto concílio. O alvo da assembleia não era um fantasma do origenismo, mas as doutrinas genuínas de um dos mestres do monacato oriental, Evágrio”.
Entre os dois grupos citados em (5), o partido radical dos monges de Jerusalém – chamados de Isochristi – é aquele cujo origenismo se presume ter sido alvo da condenação do imperador Justiniano.