A Perda da Fé: o Alto Preço da Liberdade

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Aos perplexos

Felipe Morel Wilkon: sob nova direção

O processo que eu vivi, outros poderão viver também, aliás tenho recebido contatos de alguns que o estão vivenciando agora as dúvidas e angústias que já experimentei antes. Cada caso é um caso, embora paralelos sempre possam ser feitos. Na primeira década do século o “ex-pírita” Carlos “APODman” Bella chegou a ter algum destaque em programas de televisivos como “Superpop” (apresentado por Luciana Gimenez), além de dar uma contribuição fundamental nos meios virtuais ao nascente movimento cético brasileiro. Mais recentemente, causou certo burburinho o desligamento do Movimento Espírita de Felipe Morel Wilkon – profícuo palestrante e dono de conceituado canal no YouTube -, que não apenas deixou o movimento como fez questão de metodicamente enumerar, em um novo canal, as razões que o levaram a tal atitude.

 

Em ambos os caso, temos indivíduos estudiosos não apenas da doutrina, mas também portadores de vasto cabedal intelectual, que começaram a notar sérias rachaduras no suntuoso edifício erguido por Allan Kardec. Ao invés de abraçarem alguma espécie de “duplipensar” ou culpar o preconceito do establishment científico, eles resolveram a dissonância cognitiva que lhes afligia decidindo que o erro estava no colo do Movimento Espírita. Ato contínuo, salpicaram dúvidas de que teriam sido “espíritas de verdade” ou se “vivenciaram a doutrina” no lugar de apenas estudá-la. Enfim, imputaram-lhes a versão espírita da “falácia do escocês”.

Este artigo, contudo, não tratará deles. Tomei-os apenas como exemplos da mídia para que meus leitores, digamos, mais perplexos já saibam de antemão que não estão sós. Nem falarei de Waldo Vieira, cujos motivos da “deserção” aparentam ter sido de outra ordem. Só posso falar de mim mesmo, do que passei, do que lhes espera, e, apesar de tudo, ainda tentar lhes dar ânimo para seguir em frente.

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Espíritas, instruí-vos (pero no mucho…)

 

Biblioteca

O recém falecido escritor espírita Richard Simonetti (que sua memória permaneça entre nós) já se aventurou na tarefa de lidar com os corações abalados pelo ceticismo. Vejamos o que ele tinha a dizer:

28 – ENSINO UNIVERSITÁRIO

1 – Por que há jovens espíritas que se sentem abalados em suas convicções ao entrar para os círculos universitários?
É que nunca assimilaram a Doutrina Espírita devidamente. Falta-lhes a base doutrinária. Por isso são facilmente influenciados pelo materialismo que impera ali.

2 – Considerando a cultura e a Inteligência dos catedráticos universitários, não seria razoável admitir que eles têm uma visão mais próxima da realidade, desvinculada de fantasias religiosas?
Se a premissa é falsa a conclusão nunca será verdadeira. Nenhum intelectual, por mais brilhante e erudito enxergará a realidade espiritual, se equivocadamente supõe que somos um aglomerado de ossos, carnes e músculos que pensa.

3 – Não obstante, são professores de grande poder de persuasão, apoiados em vasta cultura. Como enfrentar esse pressionamento?
Estudando a Doutrina Espírita, a partir da ideia fundamental: somos Espíritos eternos em trânsito pela Terra. O que disso se afastar, por mais deslumbrante seja o raciocínio, é absolutamente quimérico.

4 – Mas Isso não será sempre mera questão de fé Incompatível com a racionalidade que Impera nos círculos universitários?
A existência do Espírito está longe de ser mera questão de fé. Está demonstrada pela Ciência Espírita, a partir de “O Livro dos Médiuns”.

5 – Se eu me disser espírita, pretendendo explicar determinados fenômenos à luz da Doutrina, para demonstrar a realidade espiritual, vão rir de mim.
Menos mal. No passado matavam os cristãos pelo simples fato de proclamarem sua fé. Além do mais, você está subestimando o alcance da Doutrina Espírita. Há muita gente interessada dentro das universidades, até professores. Ninguém vai rir se você estiver bem consciente do que fala, com base doutrinária.

6 – O que se poderia fazer, dentro das universidades, em favor de estudantes espíritas?
Procure identificá-los. Formem grupos de estudos no campus, convidando colegas para debates. Convidem os professores. É preciso mostrar o alcance da Doutrina, que ilumina o entendimento humano, principalmente em relação às ciências psicológicas.

7 – E se encontrar resistência por parte da direção?
Não me parece provável. Isso seria de um obscurantismo incompatível com os tempos atuais. De qualquer forma, é impossível impedir que pessoas conversem. Podem até usar o método peripatético, de Aristóteles: debater ideias ao longo de uma caminhada pelo campus.

8 – Teremos futuramente universidades espíritas?

Talvez. O mais importante é que futuramente as universidades descobrirão o Espiritismo, principalmente em relação à Medicina e à Psicologia. Saber-se-á, então, que é impossível cuidar com eficiência de problemas físicos e psíquicos da criatura humana sem admitir a existência do Espírito imortal.

Extraído de “Não pise na Bola”

Agora que você já leu todo o capítulo, vamos “por partes” e descobrir por que o autor pisou na bola nesta questão:

1 – Por que há jovens espíritas que se sentem abalados em suas convicções ao entrar para os círculos universitários?
É que nunca assimilaram a Doutrina Espírita devidamente. Falta-lhes a base doutrinária. Por isso são facilmente influenciados pelo materialismo que impera ali.

Um pastor fundamentalista também pode recomendar mais leitura da Bíblia para um estudante de biologia devoto assolado pela evidências da evolução. Há, também, considerável material sobre intelligent design para se “balizarem”, mas não adianta: só desconsiderando as volumosas evidências a favor da evolução e fazendo muito cherry picking em prol do criacionismo é que conseguem se manter inabalados. No caso dos espíritas, não é preciso apelar a nenhuma forma de materialismo ateu para colocar em cheque suas convicções: graduandos de biologia podem se espantar por espíritos defenderem a existência da abiogênese em nossos dias (para pluricelulares, inclusive) ou com a vida complexa em Vênus, Marte e Júpiter; os de astronomia vão espantar com a Uranografia Geral ditada por Galileu; os de Serviço Social podem se chocar com tratamento dado aos suicidas e os de Direito considerar a pena que lhes é imputada desproporcional à ofensa; os de Física, então, ficam com um nó na cabeça com a apropriação dos termos “fluido” e “magnetismo”; já os de Química perigam abandonar o curso por acreditar que jamais deveriam saber a forma das moléculas; e os de História acabam estarrecidos quanto à justificativa para “destruição dos aborígenes do México”.

Espíritos podem muito bem existir e o edifício da Codificação kardecista continuará a ter sérias rachaduras. O que está em jogo não são questões marginais e pontuais, mas a própria confiabilidade do “Consenso Universal dos Espíritos”, pois não temos mais os dados originais sobre os quais Allan Kardec trabalhou, apenas o resultado final. O que ele teria deixado na “sala de edição”? Não sabemos e, portanto, não é possível fazer nenhuma análise estatística das comunicações que recebia. Se eles erraram sobre fatos e fenômenos a que temos acesso – inclusive quanto àquilo que poderíamos saber -, então o quão certos estão no principal da doutrina? Enfim, os estudantes espíritas em crise padecem de forte “dissonância cognitiva” ao contrastar o que se sabe hoje com o que afirma a codificação, o modo como a Ciência era feita no século XIX e como é hoje. A opção por uma visão mais “materialista” é uma forma de resolver esse conflito. Cristãos não fundamentalistas “tradicionais” ainda podem recorrer a leituras alegóricas da Bíblia, coisa um tanto inviável para o Pentateuco espírita e a Revista.

2 – Considerando a cultura e a Inteligência dos catedráticos universitários, não seria razoável admitir que eles têm uma visão mais próxima da realidade, desvinculada de fantasias religiosas?
Se a premissa é falsa a conclusão nunca será verdadeira. Nenhum intelectual, por mais brilhante e erudito enxergará a realidade espiritual, se equivocadamente supõe que somos um aglomerado de ossos, carnes e músculos que pensa.

Pode ser contraintuitivo à primeira vista, mas é possível se chegar a conclusões corretas a partir de premissas completamente equivocadas. Um caso bizarro foi relatado pelo historiador inglês Lewis Narmia(1) a respeito da opinião de um médico do século XVIII que estudara a origem dos indígenas americanos e chegou à conclusão de que teriam origem asiática. Grosso modo, seu raciocínio era assim: Noé teve três filhos – Sem, Cam e Jafé – e, em qualquer lugar, os filhos de Cam devem servir aos filhos de Jafé. Como os índios não dispunham de escravos negros (supostos descendentes de Cam), portanto devem ser filhos de Sem (suposto ancestral dos asiáticos). Não preciso perder tempo (espero) em provar o quão estapafúrdias as premissas desse raciocínio são. Por outro lado, a afirmação da conclusão está correta! Com um pouco de conhecimento, isso não chega a surpreender, afinal, segundo as regras da lógica, é possível a partir da falsidade derivar-se uma verdade; o contrário é que não (2).

Um exemplo claro de como os materialistas podem acertar mesmo que desconsiderem uma suposta realidade espiritual: medicina. No livro Emmanuel, o mentor de Chico Xavier assim escreveu:

Analisando-se todos os descobrimentos notáveis dos sistemas terapêuticos dos vossos dias, orientados pelas doutrinas mais avançadas, em virtude dos novos conhecimentos humanos com respeito à bacteriologia, à biologia, à química, etc., reconhecemos que, com exceção da cirurgia, que teve com Ambroise Paré, e outros inteligentes cirurgiões de guerra, o mais amplo dos desenvolvimentos, pouco têm adiantado os homens na solução dos problemas da cura, dentro dos dispositivos da medicina artificial por eles inventada. Apesar do concurso precioso do microscópio, existem hoje questões clínicas tão inquietantes, como há duzentos anos. Os progressos regulares que se verificam na questão angustiosíssima do câncer e da lepra, da tuberculose e de outras enfermidades contagiosas, não foram além das medidas preconizadas pela medicina natural, baseadas na profilaxia e na higiene. Os investigadores puderam vislumbrar o mundo microbiano sem saber eliminá-la. Se foi possível devassar o mistério da Natureza, a mentalidade humana ainda não conseguiu apreender o mecanismo das suas leis. O que os estudiosos, com poucas exceções, se satisfazem com o mundo aparente das formas, demorando-se nas expressões exteriores, incapazes de uma excursão espiritual no domínio das origens profundas. Sondam os fenômenos sem lhes auscultarem as causas divinas

Cap. XXIII

E isso foi escrito em 1938. Pouco depois a tuberculose e a lepra tornaram-se doenças curáveis. A varíola foi erradicada e poliomielite vai pelo mesmo caminho. Aliás, uma das causas dos novos movimentos antivacinação pode ser justamente a falta de contato das novas gerações com cadáveres e sequelados de inúmeras doenças contagiosas. Os tratamentos para diversos tipos de câncer têm avançado paulatinamente, ainda que uma “bala de prata” não esteja à vista no momento. Tudo graças ao avanço em nosso conhecimento do “mundo microbiano” (3).

O mesmo pode valer para princípios religiosos. A caridade, por exemplo, como pré-requisito para a salvação poder inócua. As razões podem ser várias: inexistir um mecanismo de “karma retributivo”, os protestantes estarem certos ou esta vida acabar no pó. E mesmo que inútil para a poupança de bônus-hora, sua prática ainda fará deste mundo um lugar melhor.

3 – Não obstante, são professores de grande poder de persuasão, apoiados em vasta cultura. Como enfrentar esse pressionamento?
Estudando a Doutrina Espírita, a partir da ideia fundamental: somos Espíritos eternos em trânsito pela Terra. O que disso se afastar, por mais deslumbrante seja o raciocínio, é absolutamente quimérico.

Nem sempre se trata de mero discurso, a cultura que esses professores apresentam supera em muito tudo o que a ortodoxia espírita pode ofertar. Adaptando as palavras que já li de outro crítico do espiritismo (e também do ateísmo militante), se você quer algo pouco “sobrenatural” leia o Livro dos Espíritos ou o Livro dos Médiuns. Agora, se o leitor quiser algo de fazer torcer o cérebro, leia Hiperespaço (Michio Kaku) ou O Universo Elegante (Brian Greene). Para entender as maravilhas que processos seletivos naturais podem produzir, leia o ameno À Beira d’Água (Carl Zimmer), ou o mais técnico e pesado The Origins of Order (Stuart Kauffman), sem falar no impressionante – embora bem especulativo – A Vida do Cosmos (Lee Smolin). Se quiser aprender sobre o Império Romano nos primeiros séculos do cristianismo, muito mais instrutivo será sorver o clássico Declínio e Queda do Império Romano (Edward Gibbon) do que com os livros de Emmanuel sobre o período. Se deseja aprender sobre literatura canônica bíblica, pseudoepígrafos e apócrifos recomendo The New Testament (Bart Ehrman), o Guia Literário da Bíblia (Robert Arter) e As Tradições Históricas de Israel (Antonio Gonzalez Lamadrid), pois, em vez de ficar catando versículos para justificar teologias pré-fabricadas, essas obras enquadram os livros no contexto históricos em que foram escritos, para qual tipo de leitores eles se destinavam (garanto que não foram para você, nascido milênios depois), e quais as técnicas redacionais de seus autores. Em vez da simples e fácil explicação de migrações espirituais transplanetárias, leia Armas, Germes e Aço (Jared Diamond) para entender, de forma multidisciplinar, a disparidade das sociedades humana à época das Grandes Navegações. Para elegantes discussões entre Ciência, Religião e Filosofia, recomendo Pilares do Tempo (Stephen Jay Gould) ou Infinito em Todas as Direções (Freeman Dyson).

Enfim, qualquer abordagem do conhecimento que já tenha sido feita em psicografias é superada, e muito, por suas contrapartes escritas por encarnados. Não dá para enfrentar esse pressionamento se a ciência espírita continuar a ser um “programa de pesquisas” estagnado ou até mesmo “degenerante”. O evolucionismo moderno nasceu quase junto com a Codificação, cresceu, aperfeiçoou-se e ainda continua a surpreender com sua capacidade de predição/explicação. A Mecânica Quântica e a Relativística são uns cinquenta anos mais novas que o Espiritualismo e revitalizaram a Física. Até agora, quimérico foi aguardar alguma real revolução vinda da erraticidade, mesmo que em seu próprio terreno.

4 – Mas Isso não será sempre mera questão de fé Incompatível com a racionalidade que Impera nos círculos universitários?
A existência do Espírito está longe de ser mera questão de fé. Está demonstrada pela Ciência Espírita, a partir de “O Livro dos Médiuns”.

O problema é que o Espiritismo afirma demais e prova de menos. O que os mais respeitados pesquisadores – sejam os da hipótese “sobrevivência” ou da psi – almejam é verificar se há algo além da nossa realidade tangível, ao passo que Espiritismo já vai logo dizendo como ele é em pormenores

5 – Se eu me disser espírita, pretendendo explicar determinados fenômenos à luz da Doutrina, para demonstrar a realidade espiritual, vão rir de mim.
Menos mal. No passado matavam os cristãos pelo simples fato de proclamarem sua fé. Além do mais, você está subestimando o alcance da Doutrina Espírita. Há muita gente interessada dentro das universidades, até professores. Ninguém vai rir se você estiver bem consciente do que fala, com base doutrinária.

Desculpe, mas discordo. Irão rir de ti, sim, como riram de muitos outros proponentes de hipóteses desafiantes do status quo científico. Alguns deles riram por último, outros não, além daqueles cujo reconhecimento foi apenas póstumo. Se quiser controlar riscos e minorar danos a sua autoestima, evite passos muito amplos. Um limite seguro é permanecer no “se há”, sem pretensões de já ir dizendo “como é”. Pode investigar se existe alguma separação entre “mente/cérebro”, pesquisa psi, avaliar se passes espirituais são mais efetivos que placebos, etc. Todas as pesquisas, porém, têm de ser controladas: o implica descrição de protocolos, grupos de controle, experimentos duplo-cego e o que mais for necessário para que suas conclusões tenham algum alicerce, do contrário serão meras convicções pessoais. Lembre-se: o que estava bom para o século XIX pode ser insuficiente hoje e, ainda naquele século, Richard Hodgson fez estudos sobre mediunidade da Leonora Piper muito mais controlados e pormenorizados que quase coisa que a Codificação possa oferecer. Mesmo assim, não convenceu os mais céticos.

Uma boa leitura em português seria Estudando o Invisível (Juliana Mesquita Hidalgo Ferreira), uma análise das pesquisas de William Crookes revelando que elas eram melhores do que os céticos imaginam, mas não tão boas quanto o próprio pensava. A quem quiser pular etapas, vale a pena se debruçar sobre o capítulo IX, onde se trata da Filosofia da Ciência e o enquadramento dado às modernas pesquisas psíquicas dentro dela.

6 – O que se poderia fazer, dentro das universidades, em favor de estudantes espíritas?
Procure identificá-los. Formem grupos de estudos no campus, convidando colegas para debates. Convidem os professores. É preciso mostrar o alcance da Doutrina, que ilumina o entendimento humano, principalmente em relação às ciências psicológicas.

7 – E se encontrar resistência por parte da direção?
Não me parece provável. Isso seria de um obscurantismo incompatível com os tempos atuais. De qualquer forma, é impossível impedir que pessoas conversem. Podem até usar o método peripatético, de Aristóteles: debater ideias ao longo de uma caminhada pelo campus.

Ok, tudo bem.

8 – Teremos futuramente universidades espíritas?

Talvez. O mais importante é que futuramente as universidades descobrirão o Espiritismo, principalmente em relação à Medicina e à Psicologia. Saber-se-á, então, que é impossível cuidar com eficiência de problemas físicos e psíquicos da criatura humana sem admitir a existência do Espírito imortal.

Universidades precisam lucrar. Então, a exemplo do que aconteceu com os católicos, os espíritas precisarão antes resolver seus problemas com o vil metal, a separar montante de aplicação imediata para caridade daquele apartado da atividade fim, almejando o que está a longo, longo prazo.

* * *

Enfim, os perplexos têm razões de sobra para a própria perplexidade. É, no mínimo, uma falta de empatia acusá-los de pouca fé ignorância e mandá-los ler mais Kardec. Por outro lado, como tirá-los da sinuca de bico em que se encontram? Bem, aqui vai o humilde achismo de alguém que já perdeu fé certa vez.

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Onde jaz a Resposta

 

Gostaria de começar com uma anedota:

Em certo vilarejo, havia um homem com fama de sábio, pois dava sempre um resposta inspiradora aos que vinham lhe pedir conselho. Um garotinho, sabedor da fama de seu conterrâneo, decidiu lhe pregar uma peça: “vou colocar um passarinho na mão e perguntar se ele está vivo ou morto. Se ele disser que está morto, é só abrir a mão e deixar voar. Se viver que está vivo, aperto até matar.”

Capturada a ave e bem escondida numa das mãos, ele dá o bote:

– Ei, moço! O senhor pode me dizer se o passarinho na minha mão está vivo ou morto?

O dito sábio, examinou o pequeno punho cerrado de um lado, do outro, por cima, por baixo, e, enfim, declarou:

– Meu menino, a resposta está em suas mãos!

Pois é, se você veio até a mim, você já sabe se quer ou não sair do movimento. Você quer é que eu lhe dê justificativas para isso.

Houve épocas em que eu queria produzir o maior número de descrentes possível e flertei com o ceticismo militante. Parei com isso, felizmente, e lamento se um dia fui exitoso. Fico feliz se alguém deixar de acreditar em teorias conspiratórias como o II Concílio de Constantinopla e parar de agir bovinamente ante pseudossábios como Emmanuel. Por outro lado, não me agradará nem um pouco saber que alguém deixou de ser espírita por minha causa. Perder a fé não é fácil: é uma sensação de ter lhe sido tirado o chão, talvez comparável à morte de um ente querido. Esse é o motivo pelo qual não vejo com bons olhos o ceticismo/ateísmo militante, afinal sua pregação termina por tirar a única esperança de muitas pessoas sem dar nada em troca. Seja lá qual for a escolha, faço aqui um pequeno apanágio razões para dar o passo que falta. Lembro que, em razão da escolha que também fiz, há um viés no que está para ler.

Motivos para ficar

  • O macio e felpudo colchão social que a religião organizada proporciona: você não existe num vácuo, simples assim. Você precisa de meio social com o qual se identifique e que lhe valide. O primeiro, sem dúvida, é família, seguida por comunidade, escola, trabalho, torcidas organizadas, etc. Muitas vezes, porém, todos esses grupos citados (e mais outros) são disfuncionais e, na melhor das hipóteses te tratam como uma peça substituível, quando não potencializam o pior de ti. Para muitos dos que tiveram esse azar, uma religião organizada serve, sim, de “tábua de salvação”. Aqueles testemunhos dados em coletivos sobre como a vida de um sujeito mudou da água para o vinho em tempo record após sua conversão têm uma boa dose de verdade o mais das vezes. Afinal, agora o prosélito tem motivação que algo maior o guia e as dificuldades que vierem fazem parte de seus planos, também; possui amparo da comunidade para se livrar seus vícios e maus hábitos; uma nova rede de relacionamentos a facilitar a obtenção de empregos, fornecedores ou clientes; um local para socializar bem mais produtivo do que seria, digamos, em um boteco altas horas da noite; e a jubilosa pertinência a um grupo que se importa com ele não importando qual fosse seu passado, onde será capaz de recomeçar.
    Quanto mais transcendente uma religião for, maior ela será capaz desse milagre. Quanto mais “sóbria”, mais você será apenas uma peça de uma grande chamada Universo. Ainda que digam que essa peça tem valor ela continua sendo substituível. Pessoas podem até abandonar uma religião que não as preencha, porém, em geral, o fazem em prol de outro grupo religioso (ou ideológico) com o qual se identifique mais.

     

  • Qualquer grupo pretensamente racional precisa, sim, de alguém do contra: suponha que você seja um alto funcionário de certa nação. Vocês estão planejando uma invasão a outra nação. Acontece que o inimigo, graças a sua rede de espionagem, já pôs as mãos em seus planos, sabe onde será a invasão, a data, total do efetivo, etc. De posse dessa informação, você sugeriria o cancelamento do ataque? Parece sensato a se fazer, não? Pois bem,você está nos Estados Unidos em 1961, o alvo da invasão é a Baía dos Porcos em Cuba. Deu no que deu. E, sim, houve gente dentro da CIA que alertou sobre o desastre iminente, mas foram preteridos em prol de um “Zé Tranquilo” que desinformou o recém eleito presidente John Kennedy. Tivessem sido eles os ouvidos, o EUA não precisariam sofrer uma humilhação pública e nem teriam jogado Cuba direto “nos braços de Moscou”. Bem, o que quero dizer com isso? Que em qualquer agrupamento, digamos, pensante é fundamental a figura do “advogado do Diabo”. Se ele não espontaneamente aparecer, então deve-se indicar alguém para fazer esse papel. Tudo isso porque há uma tendência inata na espécie humana buscar o consenso, ao menos em pequenos grupos, visto que houve épocas quando nossa sobrevivência dependeu disso. Se o argumento de uma liderança parece ser superficialmente sensato, a maioria sequer se dá ao trabalho de repensá-lo, de buscar brechas em suas fundações ou pontos cegos que foram desconsiderados. O clichê “se todo mundo pensa igual, então ninguém está pensando” é verdadeiro, e revelou-se muitas vezes fatalmente verdadeiro. Se eu fosse um dirigente de Centro, abraçaria calorosamente um “protodissidente” em meus grupos de estudo, afinal ele seria a principal diferença entre mim e o pastor neopetencostal da esquina. Agora, tente fazer isso de forma indolor, para que os outros não te tratem como “mala sem alça”. Há um vídeo interessante sobre isso aqui:

     

    Pode ser que nem o “jeitinho” de argumentar sem humilhar funcione para que você seja ao menos ouvido no Centro Espírita que frequenta. Talvez ainda valha a pena dar uma oportunidade ao movimento e buscar outro Centro.

    Enquanto esteve vivo, Allan Kardec revisou um ou outro ponto de sua doutrina. Talvez a mais notável mudança tenha sido a progressiva adoção do darwinismo, em especial quando aplicado à espécie humana, algo ausente em O Livro dos Espíritos, mas já bem cogitado em A Gênese. O problema é que ele, como todo ser vivo, faleceu e suas obras não puderam mais ser atualizadas. Outro contemporâneo de Kardec – Charles Darwin – publicou sua obra magistral A Origem das Espécies dois anos depois da primeira edição do LE.

  • De todas as alternativas ocidentais, o Espiritismo ainda é a menos ruim: o fato de o Espiritismo colocar a “salvação” (4) numa prática – a caridade -, ao invés de exigir que seus simpatizantes e possível prosélitos abandonem suas tradições sob a ameaça de danação eterna, é talvez sua maior virtude quando comparado com suas irmãs mais velhas. Difícil ser mais ecumênico e inclusivo (5), porém devo admitir que também não é uma boa estratégia de marketing, afinal “se posso ser salvo sem me mudar para o Espiritismo, vou ficar na religião dos meus ancestrais, pois ‘vai quê, né?'”; e um dos motivos pelo qual acho que ele jamais será predominante. Cabe, além disso, ressaltar a inexistência de “demônios” no sentido de seres inerente e irrecuperavelmente voltados contra a humanidade e, sim, de irmãos retardatários ou encalhados precisando de ajuda. Uma mudança de perspectiva e tanto.

     

  • Há muito trabalho a fazer: não apenas para reduzir defasagem do tempo, que se avolumou muito nestes 160 anos, mas também para tapar partes em que a literatura kardecista é frequentemente omissa, como sexualidade. Não que inexistam opiniões a respeito desse e outros assuntos sensíveis dentro do movimento, mas são exatamente isso: opiniões, muitas vezes a refletir os preconceitos de quem as emite e/ou de uma época. Sem contar as inovações técnico-científicas nem sonhadas na época de Kardec, como o transplante de órgãos. Sobre este assunto, como conciliar esta opinião:

    Não é de admirar-se que disso tenham resultado vários casos comprovados de obssessão, seja pela confusão do espírito espoliado, ao sentir seu coração pulsando no peito de outro ser encarnado, seja pelo desejo de vingança sobre aquele que “roubou” um órgão seu.
    (…)

    CONCLUSÕES
    (…)

    – Não encontramos no Espiritismo nada que justifique e aprove a fria técnica do transplante, mesmo considerando que examinada por um lado, poderia ser tida como socorro à vítima de certa deficiência orgânica. Enquanto não se levar em conta a existência do componente espiritual no ser humano, o transplante acarretará maiores desequilíbrios do que aqueles que pretende corrigir. Além do mais, a tentativa indiscriminada de prolongamento da vida a qualquer preço, é inatural. É preciso que tudo que tudo se destrua, ensinam os espíritos, para renascer e se regenerar

    (…)

    – A palavra final é, pois, que não encontramos no Espiritismo a aprovação à técnica dos transplantes, não porque não a entendamos, mas justamente porque, ainda que rudimentarmente, podemos já alcançar todas as complexidades e objeções éticas envolvidas.

    Miranda, Hermínio C., O Transplante de Órgãos perante o Espiritismo, em Anais do Instituto de Difusão de Cultura Espírita do Brasil, vol. IV, 1979, pág. 177.

    Com esta:

    E quando chega esta hora Inevitável, quando então o corpo não mais oferece condição de habitação para o Espírito, caso um ou outro órgão ainda possa servir para a existência orgânica de outra criatura em Humanidade – nossa irmã -deixemos que nossas córneas possibilitem a visão a terceiros; que o nosso coração bombeie sangue em peito de outrem; que os nossos rins filtrem o sangue de outro companheiro de romagem terrena; que o nosso fígado mantenha o metabolismo de outro irmão nosso que precise de um doador desta glândula hepática.
    No mundo espiritual, para o qual estaremos regressando não nos fará falta aquela peça anatômica que doamos. Até porque ela estaria mesmo fadada a sofrer degradação na enorme oficina da Natureza. Caso possa ser útil, melhor para nós e para quem a venha receber

    Martins, Celso; Doação de Órgãos – o Espiritismo esclarece, 3a. ed., Palavras Finais.

    Não coloquei aqui, mas este último também traz comunicações de jovens doadores desencarnados apoiando a doação. Entre ele e o artigo de Hermínio C. Miranda se passaram uns 19 anos, tempo bastante para transplantes deixarem de ser novidade e polêmica. O que mudou foi a opinião de desencarnados ou a nossa?

    É, há muito o que fazer ainda.

Motivos para deixar

 

  • O Espiritismo se tornou um beco sem saída: por culpa dos próprios espíritas. Isso parece paradoxal com a alegação de que “há muito ainda a ser feito” que fiz na seção anterior, mas não há contradição entre a presença de muitas pendências na doutrina e a inexistência, até o momento, de condições para resolvê-las. E o principal óbice para essa falta de inovação é que – para os espíritas – o cânon fechou há mais de 150 anos. Por cânon entenda o Pentateuco, as Revistas Espíritas e “O que é Espiritismo”. Alguém deve estar pensando “não é possível mudar as obras de Allan Kardec, pois o autor delas já morreu”, o que concordo plenamente, assim como não é possível mudar as obras de “A Origem das Espécies” de Charles Darwin ou o “Principia Mathematica de Issac Newton. Felizmente nenhum estudante de universitário de Biologia aprende Teoria da Evolução com o primeiro livro, nem seu colega de Física/Engenharia com o segundo. Embora as ideias centrais desses dois livros permaneçam válidas, muito nesses dois campos da Ciência foi revisto e expandido, tanto que o valor desses livros hoje é mais histórico do que realmente prático.

     

  • Será difícil fazer as coisas mudarem: embora eu diga acima que há muito trabalho a fazer, reconheço que (1) dificilmente você o fará sozinho e (2) mais duro ainda será achar quem lhe ajude. Se alguém quiser fazer uma revisão da codificação se valendo dos diversos centros espíritas do Oiapoque ao Chuí, correrá grande chance de ser acusado de querer ser mais Kardec que o próprio Allan. Daí para ter sua reputação questionada e/ou maculada é um pequeno passo. Grupos, após se estabilizarem, tendem ao consenso e ao continuísmo. Por mais que sua proposta seja obter um espaço amostral amplo, uma documentação sistemática, robusta e pública das perguntas e repostas que obtiver (algo inexistente para o LE), será visto na melhor das hipóteses como um presunçoso e na pior como um herege detrator de Kardec. Bem-vindo ao clube!
    Felizmente, graças à Internet, poderá descobrir outras pessoas com afinidade, só não é garantido que estejam fisicamente perto para constituir uma comunidade.

     

  • Há muitas oportunidades além do paradigma judaico-cristão: Já teci alhures minha opinião de que o espiritismo é um pós-cristianismo, herdando muito da segunda revelação (o sermão da montanha e outras injunções morais), descartando outras partes (a mensagem paulina, o apocalipcismo, a crença na ressurreição, etc.), e dando uma interpretação completamente distinta de outras (p.e. os milagres). Contundo, o espiritismo kardecista herda o ranço pecado-culpa/castigo-expiação de suas predecessoras. Assim como as religiões abraamicas antecessoras suas, o Espiritismo kardecista ainda se calca na resposta a esta pergunta:

Um ser poderoso existe e se importa com o que eu faço. Como posso agradá-lo?

Por outro lado, cerca de 550 anos antes de Jesus, alguém no coração do Índia se fez uma pergunta bem diferente

O sofrimento existe. Como posso escapar dele?

Enfim, existem diversas outras formas de espiritualidade que conseguem resolver melhor o “Problema do Mal” que as regiões cristãs, até pelo simples fato de não o criarem. Se o budismo é algo meio exótico para você, existem soluções na tradição ocidental como o estoicismo, por exemplo (5).

(Índice)

O que foi decido

Certa vez, em uma comunidade do finado Orkut, um jovem mancebo veio pedir conselhos amorosos: ele havia rompido com uma namorada de adolescência – a primeira e única que tivera até então -, trocado por um sujeito mais ao estilo “cafajeste”. Este, após se entediar da moça, também a descartou em dois ou três meses. Em ato contínuo, ela pediu para reatar. Confuso, o rapaz decidiu fazer uma “pesquisa de opinião”. Entre conselhos para voltar e outros para bani-la de vez da sua vida (6), alguém (não fui eu) teve um interessante vislumbre:

Você, no seu íntimo, já sabe se quer voltar pra ela ou não. Só está aqui atrás de uma racionalização para sua escolha sentimental.

Bingo! Quando a carga emocional envolvida é muito grande, O cérebro é posto a serviço do coração para racionalizar suas decisões, nem sempre muito acertadas (7). De forma análoga, meu caro, sua decisão de sair ou permanecer no Espiritismo já está tomada. Queres, apenas, um empurrãozinho.

Não importa qual seja ela, desejo-lhe felicidades.

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Notas

(1) Em Personalities and Powers, capítulo “Human Nature in Politics“, Londres, 1955, p.6, apud David Hackett Fischer, Historians’ Fallacies, 1970, cap. XI, pp. 305-6

(2) Da tabela verdade da implicação “Se A, então B“:

A B A -> B
V V V
V F V
F V F
F F V

Ainda um pouco obscuro? Um exemplo prático pode ajudar: suponhamos que alguém afirme “Se fizer bom tempo(A), então irei me divertir(B)”. Caso o tempo esteja bom e ele saia para se divertir, a promessa terá sido cumprida. Também não terá quebrado a promessa caso o tempo esteja ruim e fique em casa. Agora, ele pode muito bem ir se divertir em ambiente fechado mesmo com tempo ruim, afinal jamais disse que não o faria. Apenas se ficasse deitado na cama mesmo com tempo bom é que violaria suas palavras.

O que a desatenção pode causar (e creio que foi o caso de Simonetti) é confundir implicação com equivalência, a famosa “se e somente se”. Essa sim demanda que as duas condições sejam iguais para a fórmula ser válida:

A B A <-> B
V V V
V F F
F V F
F F V

(3) Já ouvi de espíritas que o recente problema da eclosão de superbactérias resistentes seria uma prova validade da ladainha medicinal escrita em Emmanuel. Bem, primeiramente eu duvido que os defensores dessa tese se tratem apenas com passes quando adoecem. Segundo, eu recomendaria mais estudo de Biologia, em especial da teoria da evolução, pois o surgimento de cepas resistentes foi mais fruto da imprudência terrena que de um castigo divino. Terceiro, o mesmo princípio seletivo que deu resistência à germes, pode ser usado para combatê-los. O coquetel de antirretrovirais usado no tratamento da AIDS é um exemplo disso, pois é bem mais difícil um mesmo organismo se adaptar a dois ou mais tipos de ataques simultâneos. Quarto, sinto muito, mas a ciência não para. Se a descoberta da penicilina foi um feliz acidente, a pesquisa de novos medicamentos não o é mais. Antes tínhamos de buscar as substâncias ofertadas pela Natureza. Hoje, montamos moléculas complexas, algo supostamente inviável para nós, como corolário da resposta à questão 34 de O Livro dos Espíritos.

Não sei, mas sinto que um chamamento à humanidade encarnada para que se curve às leis divinas é uma camuflada ojeriza à ideia de que ela seja protagonista de sua própria História. Talvez a essa humildade moralista seja a forma mais abjeta de arrogância travestida.

(4) Coloco salvação entre aspas, porque não faz muito sentido falar nela em um sistema reencarnacionista. Na prática, significa prevenir sofrimentos (ainda que temporários) na erraticidade e acelerar o progresso.

(5) Parodiando uma das cenas finais do filme O Nome da Rosa, se minha biblioteca pegasse fogo e eu só pudesse salvar dois livros, eles seriam Meditações, de Marco Aurélio, e Ensaios, de Michel de Montaigne. O resto deixava queimar, inclusive o teu conjunto de livros sagrados, prezado leitor. Nada contra ele, é que só tenho duas mãos…

(6)Eu recomendei que ele partisse para outra. Aleguei que o ex-casal precisava aprender duas lições: ela só valorizaria realmente o relacionamento que teve se o perdesse; ele precisava se dar conta de que ela não era a única mulher no mundo. Os que me criticaram lembraram da parábola do filho pródigo (esqueci de dizer, o rapaz era religioso e ambos se conheceram em grupo jovem de Igreja), o que retruquei lembrando que o jovem da parábola chegou ao cúmulo de se alimentar da ração dos porcos. Ela, como mulher jovem, e sem filhos, estava no feijão com arroz, pelo menos. Outros cogitaram “e se ela for a mulher da vida dele?” – o que me fez lembrar da história dos “casamentos arranjados” no plano espiritual -, a estes respondi isso até poderia ser verdade (afinal, não conhecera outra), porém ele não era o homem da vida dela. Esse título estava com o “cafa” que a descartou. Ela não esqueceria dele tão facilmente, nem em pouco tempo. As comparações e frustrações seriam inevitáveis.

Não enganei o rapaz e lembrei-lhe que das dificuldades que viriam. Ela, por ser mulher, tinha o privilégio da escolha no jogo da corte, ao passo que ele teria de suar a camisa e o cérebro para se tornar o escolhido de outra. Por outro lado, a demografia das igrejas era favorável aos homens. E que não tivesse pressa, pois tinha de passar um tempo só para se aperfeiçoar e esquecer o relacionamento antigo, antes de passar a um novo.

Não sei que fim levou, mas acho que ele estava mais inclinado a voltar para ela…

(7) Por esse e outros motivos, considero a expressão “fé racionada” uma contradição em termos.

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