Por Acauan Guajajara, do Religião é Veneno
A composição química do crentão, muitas vezes, é um azeótropo de arrogância e hipocrisia que tende a ser segregado até por seus próprios irmãos de crença melhor providos de simancol e fé sincera.
Se esta espécie é naturalmente associada ao habitat evangélico, alguns exemplares que melhor personificam este comportamento são encontráveis no grupo religioso cujas autodefinições o tornaria o mais insuspeito de abriga-los: os espíritas kardecistas.
Os espíritas gostam de se apresentar e à sua doutrina como uma religião moderna, que fez o casamento ideal entre a fé e razão, entre religiosidade e ciência, pairando eles acima dos fanatismos dogmáticos ou da miopia doutrinária, características de cultos menos esclarecidos.
Qualquer um que acredite nisto é porque nunca conheceu o crentão espírita, o espiritão.
O espiritão tem todos os defeitos do crentão evangélico e mais um – o jargão.
Alguém aqui já ouviu um espiritão explicando tecnicamente como a rotina do Evangelho no Lar fluidifica a água da residência e assim contribui não só para a saúde espiritual, como física dos residentes?
Eu já, é ridículo pois o “Evangelho no Lar” é feito em cima do “Evangelho Segundo o Espiritismo” do Kardec, possivelmente o livro religioso mais sem pé nem cabeça que já foi escrito, não se fluidifica (fluidifica???) algo que já é fluido e esta história de água curativa é mais velha que água benta, que por sinal é como gente menos pedante chama a tal “água fluidificada”.
Tudo que o crentão faz, o espiritão faz melhor (no entender dele próprio, claro), já que enquanto o primeiro se baseia apenas na Bíblia, o segundo além desta conta com os livros da codificação (aqueles troços que o Kardec escreveu), com o poder do pensamento científico e com o auxílio direto das equipes de apoio espirituais, com as quais se comunica diretamente através de algum tipo de conexão de banda larga com o Além.
Enquanto o pobre crentão se limita a repreender demônios em nome do Senhor Jesuis, o espiritão opera as práticas iniciáticas da desobsessão, no qual se vale tanto do saber do mundo material quanto do espiritual para aprimorar o que o crentão faz, ou seja, iludir-se e aos incautos de que foi o responsável por algum mau espírito parar de encher o saco de alguém.
E tem o papo das vibrações.
Espiritão que se preza adora falar de vibrações. Alguns vão além e como verdadeiras antenas orgânicas transmitem e recebem sei-lá-o-quê. Uma vez eu estava na condição de observador em um evento espírita e a certa altura alguém recomendou que os presentes vibrassem pela paz no mundo (ou algo parecido). Eu fiquei na minha, claro, mas o cara do meu lado, não me pergunte como, estava lá todo concentrado – vibrando pela paz no mundo. Eu ia perguntar qual é o truque para se transformar num diapasão espiritual, mas muito provavelmente não iria poder continuar observando muita coisa por lá depois disto.
E quem acha esquisito testemunho de crentão, deveria ouvir testemunho de espiritão. Os crentes que testemunham pelo menos se declaram vivos e aparentemente estão. Espírita sempre dá um jeito de descolar um testemunho de alguém que já teria batido as botas, quase sempre falando exatamente as mesmas coisas que outro cara que já teria batido as botas falou em algum outro evento espírita anterior.
No campo das curas então a competição é braba. O crentão junta a sua turma, faz as orações coletivas e individuais pelo enfermo, pede a intercessão do Senhor Jesuis e se o cara se recupera tem-se mais um testemunho de cura divina, às vezes esquecendo-se que o tratamento médico pode ter ajudado um pouquinho também. Se o paciente morre ou continua entrevado, fazer o que, Deus quis assim e vamos tocar a vida até o próximo doente.
Com o espiritão é diferente. Para ele esta história de orar pedindo curas divinas é pura superstição. Como cientificista convicto, o espiritão sabe que a esperança reside na medicina. Assim, quando decidido a auxiliar na recuperação de algum doente ele convoca uma junta médica espiritual, que disponibiliza generosamente, em prol da cura do paciente, tecnologias clínica e cirúrgica infinitamente superiores àquelas operadas pelos simples mortais. Ou seja, nada a ver com aquele misticismo primitivo dos crentes.
Aviso: Nunca use a palavra magnetismo perto de um espiritão. As dissertações que ele fará te levarão a acreditar que tudo que te ensinaram na escola sobre o tema estava errado.
Mas eu gosto dos espíritas, os espiritões são muito chatos, mas também são pessoas extremamente empenhadas em ações de caridade anônima, que sustentam creches, orfanatos, escolas para excepcionais etc, sem que ninguém saiba que a comunidade kardecista é a mantenedora destas instituições.
Mas que os espiritões são muito chatos, isto eles são.
Admiro este blog pela qualidade das análises. Confesso que ficava chocado com o que se dizia de Teodora e hoje sou capaz de ser sócio de um fã clube. Porém este artigo está totalmente fora do contexto do blog. Parece mais destilação de ódio. Até seria razoável em outros blogs, não neste. Entretanto tenho que concordar que os tais espiritões são um porre, assim como os catolicões, iniciaticões, filosofões, agnosticóes, criticões, engenheirões, etc… . Mas o pior de todos são os chatões porque estão sempre fora do contexto. Apenas quero acrescentar que minha admiração pelo blog em geral continua inabalável, certas coisas são inevitáveis.
veja bem amigo, analise seu comportamento, que nao se confunde com o catolicismo, vc é um daqueles padres cujo o comportamento vai contra tudo que Jesus disse.
amigo, pense um pouco, se vc realmente leu obras do espiritismo sabe que responde as suas inquietudes. nao se apegue a letra, a semantica, jesus não usou livros, biblias, nada. ou usou?